20 – FIM DA SEGUNDA TEMPORADA (Opinião)

 

O Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP).
Arquivo Público do Estado de SP

Caro leitor, caso tenha chegado até este post eu lhe agradeço, este é o vigésimo texto publicado no devaneios irrelevantes e vou considerá-lo como uma “comemoração” de um ano de atividades no blog. Desde a data da primeira publicação o site teve entre as reflexões 14 contos, 4 textos de opinião (com este), 1 tradução e 1 poema. Contamos com 94 seguidores e recebemos 31 comentários, os quais reverencio com muito carinho. A vida deste que escreve também teve suas alterações nesse ciclo de setembro a setembro e apesar de toda nebulosidade que se forma no horizonte, as notícias boas parecem se sobrepor, mas como discorrer sobre atividades pessoais não é a principal ideia deste sítio escolhi refletir sobre a atividade que tem me proporcionado oportunidades ímpares: a pesquisa.

Neste texto pretendo expor minha opinião sobre o assunto e principalmente defender a gnosis científica e os estudos nacionais, representados por inúmeros investigadores que tanto trabalham para construir um conhecimento válido e que tem sofrido injustos ataques de parte da sociedade e principalmente do governo eleito no último ano. Para abrir esta reflexão não podia deixar de citar um dos meus pesquisadores preferidos, ironicamente um físico:

 

“Podemos julgar nosso progresso pela coragem dos nossos questionamentos e pela profundidade de nossas respostas, nossa vontade de abraçar o que é verdadeiro ao invés daquilo que nos faz sentir bem.” — Carl SAGAN

 

Sagan talvez tenha sido um dos motivos pelos quais resolvi me dedicar ao estudo, por razões bastante distintas das que tenho hoje é verdade, mas ainda assim, um dos pensadores que me incentivou a buscar este tipo de informação. Naqueles anos eu era só um adolescente ateu buscando reforçar minhas “não crenças”, hoje, me inspiro também na sua sensibilidade como cientista que procurou divulgar os resultados de seu trabalho para aqueles que realmente tem o direito: A Sociedade, como um todo, que merece e deve acessar o mais próximo que consigamos chegar da verdade.

Atualmente, entretanto, vivemos um contexto, no qual, parte da população simplesmente ignora ou repudia informações colhidas com base na atividade científica, aparentemente porque esta confronta suas crenças e mitos. A pergunta que fica no ar é: Por quê? Por que impedir pessoas de trabalhar com ciência? Por que demitir o diretor do INPE quando ele fez bem seu trabalho? Por que raios se tem tanta raiva desse conhecimento que não possuem? E é incrível como há alguns anos atrás ouvia-se muito pouco comentários sobre a terra plana ou o mal das vacinas. Parece que todas as gerações de cientistas do mundo entraram em um pacto para destruir a humanidade e só foram descobertos no século XXI diante de uma população de mais de SETE BILHÕES DE PESSOAS.

Um grande amigo sempre me diz – não com essas palavras é verdade – que este tipo de “auto-verdade” (para citar Eliane Brum) só pode ser efêmera e eu concordo. Não é possível que se vá negar o desmatamento da Amazônia, simplesmente porque alguém sobrevoou a floresta e não viu árvores caindo! Não é possível que se vá negar a existência da miséria simplesmente porque um político “não vê pessoas muito magras na rua”! A terra plana e a campanha anti-vacinas nem merecem uma nova alusão. E puxando a discussão para a área que eu atuo, não é possível que se continue defendendo regimes ditatoriais e mortes arbitrárias por um simples capricho ideológico.

E aqui entra a minha defesa da pesquisa em história. É fácil falar do passado depois que os livros estão impressos nas bancas e livrarias disponíveis para qualquer curioso, mas o caminho dele até lá exigiu um grande esforço teórico, metodológico, técnico e reflexivo. E apesar de um caminho relativamente simples: pesquisar (acumular documentos), refletir (interpretar esses documentos) e escrever (deixar essas reflexões inteligíveis), é uma labuta extremamente solitária e pedregosa. E por isso, usando um argumento bastante leigo, defendo que negar a ciência É FEIO! Pois está negando um trabalho árduo de dezenas de pesquisadores que lutam para construir um conhecimento válido acessível a todos nós.

Lamento se o texto acabou caminhando mais para um desabafo que para a exposição de uma opinião de fato, mas este foi escrito em um suspiro e sem consultas repentinas. Agradeço mais uma vez a leitura e a todos os cientistas sociais ou não pela resistência nesse nosso trampo que ainda há de ser revalorizado. Mais ainda, penso que esta é hoje, nossa melhor forma de fazer a “revolução”: Continuar estudando e apresentando pesquisas de qualidade. VIVA A CIẼNCIA!

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